segunda-feira, 21 de abril de 2008

Match Point

Ouvi o ritmo, subia brandamente. O quente do assobio rimava com o leve tremer do corpo, ele não parava não pedia perdão, não obedecia ao pulsar do coração. O cigarro queimava levemente as pontas dos dedos amarelos.
Sugava aos poucos o fumo nunca me lembrarei dele como naquela tarde. O vento levava-o devagar, conseguia ainda sentir o seu sabor nostalgico às vezes enjoativo.

Sabia claramente tudo aquilo que tinha de fazer, não pensava que à última a dúvida me cantasse ao ouvido a música da indecisão, o eterno "se", o mais que fodido porquê? A calma essa começava agora a fugir, tinha vida própria corria para bem longe, e eu, imóvel, toldado pelo meu Ser que constantemente se sobrepõe ao que tento ser, observava-a dançando com o fumo empurrada pelo vento.

Nervosamente a mais ténue esperança de um sorriso desvanecia-se e as caras daqueles que por mim passavam eram cinzentas sisudas. Levantei-me com dificuldade, nunca gostei de andar, o dia caía e dava lugar à infame noite, à noite que desperta os sentidos, até nos enlear e nos transformar em animais nocturnos sem sono, sem fim, com medo.

Nunca mais chegava e o aperto queimava as entrenhas, o frio da ansiedade conquistava-me aos poucos, rendido a ele fechava os olhos e caminhava sem norte.

Olhei o relógio, faltava uma hora...era cedo, caminhei de volta ao local marcado, o sol brilhava... o tempo o tempo esse fugia, mentia...constantemente

2 comentários:

Ruca! disse...

denoto referências ao roger federer neste texto.

obsessão?

abraço ze nelo

Unknown disse...

LOL... Fedex power?
Uma coisa é certa, o tempo foge realmente mas não mente, sabemos que ele passa e já não volta atrás. Mentir... para mentir estamos cá nós (pessoas). =S