terça-feira, 25 de agosto de 2009

Manitas de Plata

Foi assim de repente. Ninguém espera que o rompante se torne de tal forma permante. Timidamente tudo foi crescendo, a construção é assim, sustentada, nos teus olhos, nos teus beijos. Devagar um mundo novo nasceu, e perdido nele sonho com um futuro que quero para breve.

Depressa me apercebi, não dirias, bem sei, mas sempre achei que faria sentido. Esperei, pensei que já não daria, reencontrei-te e tudo voltou à casa da partida. Demoraste a ter a certeza, pensaste que o início seria sem pressão, com fim, talvez uma leve e ligeira impressão.
Era assim que me vias, era também assim que me imaginava, enquanto não te tinha. É dificil explicar ou perceber muito mais, mas mais difícil seria encontrar alguém assim...

...como tu

Caminharei então, a teu lado, enquanto na minha continuar a sentir...

...a tua mão

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Nêsperas

Chegava em busca da calma que entoa acordes em todos nós. O nervoso miudinho consumia a réstea de qualquer esperança. Algo está mal, sussurrava sem que ninguém o ouvisse. Era Verão, o calor despia corpos, envolvia a mente...enturpecida. Valeria a pena lutar?Quem define a regra? Quem traça essa linha incoerente que esmaga o estômago e renega a razão? Jamais pensei que fosse aconecer, tornou-se tão palpável, e o desejo?em crescendo...

Nunca fui um lutador, tanto fazia, só a inércia, a doce inércia me arrastava. Faltava saber o caminho, e o ziguezaguear enjoava-me terrivelmente.
Arrisquei com a derrota bem presente, para quê pensei?porquê? Não se tem resposta...às vezes... Se era o rumo que queria? Concerteza... Não faço perguntas, só dou e espero respostas. Tudo batia certo, as esperanças, essas, eram uma incógnita perdida no mar de certezas a teu respeito.
Não olho para trás, a abstracção é tão difícil, mas no fundo é o que está certo.

Não corro atrás de ninguém, mas tudo farei para que não fujas!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Back to the Future

Dormes enquanto espio cada pedaço teu. No escuro conheço-o de cor. A individualidade persegue-te em sonhos perdidos, o meu encontra-se no teu leito. A respiração suave contrasta com a de há alguns minutos, o compasso traçou um círculo que não quero quebrar, é nele que me quero manter...seguro... A certeza alcança o seu ponto mais alto, e o discernimento torna-se incapaz de me dominar.

Magia, no fundo sabias que queria, um mundo que se mostrava tão dificil de conquistar. A riqueza perdida no teu beijo, um mundo encoberto por sorrisos de desejo, a voz que embala e encanta. Teria de ser assim, era a última oportunidade, o vinho já não era o de antigamente, arranhava não adocicava a boca que já o não sentia.

Curiosidade, a latência que permanecia escondida aqui e ali, que não mentia sempre que te via...aqui e ali... Soubeste sempre como me sentia, os verdes anos haveriam de passar, o teu ventre chamava-me, mas não me iludia.

Sussuro inerte, num pensamento distante enganado pela dúvida que não existia. A esperança é o engano dos pobres que sucubem a ela, sem poder, sem capacidade para se livrar da sua amarga maldição. A imunidade conquista-se numa palavra vibrante apaixonada, foge quando te via, quando no fundo me mentia...

Quero acreditar...Sou teu...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Yellow Sky

Primavera curta dura fria. Quente, esse arrepiante instante de continuar a querer. Espera por aquele momento fugaz, ele foge entre dentes, humede as mãos. O seco na garganta a voz que não sai, o arranhar leve, o vento que tantas vezes nos trai. Olha o chão desavindo, a primeira lágrima que lhe toca, não mente, o contorno da água que lhe dá a vida, e cresce, e não se vende.

Cantorias ausentes, dentro de uma televisão doente, cantares azedos, a melodia está fora de prazo, ninguém se apercebe, e o sorriso é escutado algures, apreciado. Tão diferente do riso melancólico, irónico, que se pega, amena epidemia, que troca as voltas e renega o choro, bramido, contido, contente.

Esperança, volta, perfilha, renega, repentismo ousado, voltar destemido, no fundo do mar espera quem nunca queria ter para lá ido. Quem vai e não vem a mais não é obrigado, jaz refinado no sal que a água leva mas já não traz.

Voltei a sonhar, acordei perdido, o pensamento voraz consumia-me. Eras tu que lá estavas, és tu que estás aqui...ao lado, a respiração é tão tua, o cheiro tão teu, ninguém imagina o tudo que dava para que continue a ser meu. Encontrei-me acordado não volto a perder-me, se tivesse sonhado, o perfeito estaria longe...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Resposta

Achei que não tinha esperado por ti, tudo me parecia tão estranho, lembrava-me às vezes de como tinha sido, do rápido passar do tempo, de uma vontade galopante de pecar que no fundo se tornava mais fácil de tolerar.
Olhando para trás já não me parece tão estranho, foi uma antestreia, uma antevisão do que viria a acontecer.
Acabou no meio de um ameno Verão o que não podia começar, era tudo tão difícil por mim, por ti, tornaste tudo tão fácil, sempre será assim, de uma simplicidade asssustadoramente eficaz. No fundo, já sabia o que esperar, e o mais engraçado é que já na altura parecia saber o que queria, por muito que a falta de constância fosse tão capaz de adjectivar a linha que traçava e não seguia.
De resto, sempre gostei de ti, não como agora, agora é diferente, uma diferença da qual ainda não consigo falar bem, que às vezes me tolda a razão e me faz seguir sem dúvidas.
A surpresa nasce de cada reacção, corre bem afastada da razão que segue por outro caminho, mas é tão fácil, tornas tudo tão deliciosamente luminoso...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Números

De 6 sobraram 5/72, tenho contado os dias 6 de cada mês, nunca foi um número que me dissesse muito. Do 9 chega-se ao 2, continuarei a contar...quem sabe, ninguém diria.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

You know what they say about romance

Juntei o querer ao ter, desenhei a vida que queria ter no teu peito, projectei o segredo de te prender no meu beijo.
Nada antevi, a previsão nasceu gelada por anos de Verão mal vividos, cresceu gerada por noites de Inverno incrivelmente bem passadas. A mudança essa tomou-me de assalto sem que a conseguisse acompanhar, e o vento arrastou-me facilmente para perto de ti.
Entre o calor e o frio escolho aquele que mais se aproxima da tua respiração, do canto que não é mais que teu, do cheiro que não pode ser mais que meu.
Regressei ao ponto de partida, olhei para ele, tudo tinha mudado. Nada fazia tanto sentido como agora.
Via-te lá longe, presenteavas-me com um aceno, e eu não era mais que um aperto no coração, um ânsia voraz capaz de consumir cada bocado teu, e tu sorrias alegremente, indiferente, mordaz, sabendo que te queria, que te tentava enlear numa teia que serias incapaz de tecer.
A seda essa toca-te a pele, cheira a jasmim. É nela que me perco, entregue a ti ao teu singelo querer, ao teu olhar...

Inspiro-te, Quero-te...expiro, e percebo a falta que me fazes...

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Sin duda...

Olhei pausadamente o destino que se aproximava sem tempo de o entender. Aceitei-o resignado, desarmado por um sorriso difícil de perceber. Na estrada o mundo passava rapidamente pelos meus olhos mortiços, da vegetação rasteira, só as pequenas papoilas davam vida à grama que erraticamente sugava os poucos nutrientes de uma terra pobre.

Chegámos finalmente, procurei absorver cada aroma, decorar cada diferença para facilmente poder recordar cada momento. A caminhada havia sido longa, e a viagem um meio para chegar a um fim que sempre quis como início.

Estava tudo tão diferente, não havia pessoas, não havia palco ou brilho, só tu...bastava!
Segurei-te a mão, o silêncio falava por nós, aproximei-me lentamente e vi o brilho que tantas vezes tinha procurado nos teus olhos. Fingi não ter reparado, fugi à procura do cigarro que tudo esconde, o cheiro, o sabor, até o desejo e quando voltei o olhar tinha mudado.

Estava certo que nos teus olhos via reflectido o brilho dos meus...era fácil percebe-lo, para que esconde-lo?tudo flui, tudo morre e agora... tudo renasce!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Área verde/cinza/marrom, filha de Taumante e de Electra...

A primeira gota tocou-me as mãos despidas, olhei desamparadamente para cima, embalado pelo mar de núvens, esperei resignado o pranto que desabou sobre mim... As árvores despidas já o esperavam há algum tempo, avisadas por um vento que corria assobiando, dando vida às folhas, umas amarelas, outras vermelhas, que jaziam havia algum tempo no branco chão.
Foi uma delas que pisei, e o som ao desfaze-la acordou-me de um inverno cinzento e frio. Das mãos trémulas, abracei a chuva que alimentava a terra, entreguei-me a ela, e invejando a forma como se lançava sobre um abismo de vida, segui-a até fugir de vista.
Quando dei por mim, a ponta do cigarro era agora a única luz que iluminava o caminho, mas levantando a cabeça uma outra mais luminosa crescia das vozes que se levantavam mais à frente.
Do medo sobrava a curiosidade que inquietante me impelia a continuar.
Ao fundo da rua, no crepitar de uma fogueira, encontrei-te perdida, o fogo, esse iluminava apenas os traços finos de anos que não tinham passado. Já lá iam seis, continuavas na mesma, fingiste não me ver, seria mais fácil assim, contudo pelo canto do olho senti que me observavas. A lenha essa ardia lentamente, indiferente ao vento e à chuva. Olhaste-me uma última vez, e sem uma palavra fechaste a porta, e a fogueira agora queimava, ardia em pensamentos distantes, em verdades benditas, em tempos que não eram meus, nem teus, que nunca poderiam ser nossos.
Do sono profundo acordei um ano depois, das árvores caía o fruto amadurecido por um sol tirano, do cinzento do céu não restava senão a recordação, e do teu olhar desprendido cresciam os beijos de um gelado estival. Do Inverno sobrava o vento, soprando uma nova melodia...rodopiava, corria sorria!

Encontrei-me então, solto, preso...perdido em ti!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Régua e Esquadro

As lágrimas caiam-lhe levemente pelo rosto enquanto, com a língua procurava discretamente o sabor da sua dor.
Ninguém olhava e a sua ânsia de atençao desvanecia se nos sorrisos daqueles que o apontavam anedoticamente. A sua infância seria sempre assim, marcada por dedos esticados, por nódoas negras e humilhações, pela revolta contida, tantas vezes escondida de uns pais que não faziam mais do que o trazer nas palmas das mãos.
Ele olhava-os resignado quando voltava à escola, as sardas deixavam de se notar devido ao rubor que lhe corria a cara quando a campainha o voltava a chamar. Lá dentro esperavam-no como abutres, sabiam que já entrava morto, que não lutaria, que se limitaria a chorar, sem fazer barulho, afagando delicamente o cabelo cortado direito.
No fundo já não se lembravam porque o faziam, tinha-se tornado mais um hábito, uma maneira de rir e fazer rir à custa de alguém sem reacção. Lembro-me bem desses tempos, de como me sentia bem com o dedo esticado, de como me ria.
Ele não era mais que o balanço de um grupo de crianças, era o mal necessário ao bem estar geral. A violência ficava ali, entregue a alguém que sofria pelos outros, sem esboçar qualquer tipo de resposta. Mas ele haveria de superar, de crescer, o importante era que aproveitássemos que nos enchessemos de vontade de ir à escola só para o ver entrar só para o ver chorar...raio do bacorinho...às vezes penso como teria sido tudo mas dificil sem ele, imagino se hoje em dia olham para ele e veem o triste de que sempre me recordarei.
Nunca ninguém lhe agradeceu, nunca ninguém o fez sentir especial no seu papel de mártir, acho que bem lá no fundo se ria dele, e da sua figurinha cabisbaixa...

Presto-te então aqui homenagem óh Jesus Cristo da escola primária

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Ano Novo...

O som da respiraçao, o olhar de uma noite mal dormida o espirito em convulsao, a voz de uma frase gemida. O quente cheiro do amor suado, o ventre repleto de um sabor salgado. O frágil aroma, o corpo dormente, o inconsciente coma do coraçao doente.

Ficaste, ficas, ficarás, é bom conjugar-te, sonhar-te...aqui...ao lado!