quarta-feira, 22 de abril de 2009

Back to the Future

Dormes enquanto espio cada pedaço teu. No escuro conheço-o de cor. A individualidade persegue-te em sonhos perdidos, o meu encontra-se no teu leito. A respiração suave contrasta com a de há alguns minutos, o compasso traçou um círculo que não quero quebrar, é nele que me quero manter...seguro... A certeza alcança o seu ponto mais alto, e o discernimento torna-se incapaz de me dominar.

Magia, no fundo sabias que queria, um mundo que se mostrava tão dificil de conquistar. A riqueza perdida no teu beijo, um mundo encoberto por sorrisos de desejo, a voz que embala e encanta. Teria de ser assim, era a última oportunidade, o vinho já não era o de antigamente, arranhava não adocicava a boca que já o não sentia.

Curiosidade, a latência que permanecia escondida aqui e ali, que não mentia sempre que te via...aqui e ali... Soubeste sempre como me sentia, os verdes anos haveriam de passar, o teu ventre chamava-me, mas não me iludia.

Sussuro inerte, num pensamento distante enganado pela dúvida que não existia. A esperança é o engano dos pobres que sucubem a ela, sem poder, sem capacidade para se livrar da sua amarga maldição. A imunidade conquista-se numa palavra vibrante apaixonada, foge quando te via, quando no fundo me mentia...

Quero acreditar...Sou teu...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Yellow Sky

Primavera curta dura fria. Quente, esse arrepiante instante de continuar a querer. Espera por aquele momento fugaz, ele foge entre dentes, humede as mãos. O seco na garganta a voz que não sai, o arranhar leve, o vento que tantas vezes nos trai. Olha o chão desavindo, a primeira lágrima que lhe toca, não mente, o contorno da água que lhe dá a vida, e cresce, e não se vende.

Cantorias ausentes, dentro de uma televisão doente, cantares azedos, a melodia está fora de prazo, ninguém se apercebe, e o sorriso é escutado algures, apreciado. Tão diferente do riso melancólico, irónico, que se pega, amena epidemia, que troca as voltas e renega o choro, bramido, contido, contente.

Esperança, volta, perfilha, renega, repentismo ousado, voltar destemido, no fundo do mar espera quem nunca queria ter para lá ido. Quem vai e não vem a mais não é obrigado, jaz refinado no sal que a água leva mas já não traz.

Voltei a sonhar, acordei perdido, o pensamento voraz consumia-me. Eras tu que lá estavas, és tu que estás aqui...ao lado, a respiração é tão tua, o cheiro tão teu, ninguém imagina o tudo que dava para que continue a ser meu. Encontrei-me acordado não volto a perder-me, se tivesse sonhado, o perfeito estaria longe...