segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Área verde/cinza/marrom, filha de Taumante e de Electra...

A primeira gota tocou-me as mãos despidas, olhei desamparadamente para cima, embalado pelo mar de núvens, esperei resignado o pranto que desabou sobre mim... As árvores despidas já o esperavam há algum tempo, avisadas por um vento que corria assobiando, dando vida às folhas, umas amarelas, outras vermelhas, que jaziam havia algum tempo no branco chão.
Foi uma delas que pisei, e o som ao desfaze-la acordou-me de um inverno cinzento e frio. Das mãos trémulas, abracei a chuva que alimentava a terra, entreguei-me a ela, e invejando a forma como se lançava sobre um abismo de vida, segui-a até fugir de vista.
Quando dei por mim, a ponta do cigarro era agora a única luz que iluminava o caminho, mas levantando a cabeça uma outra mais luminosa crescia das vozes que se levantavam mais à frente.
Do medo sobrava a curiosidade que inquietante me impelia a continuar.
Ao fundo da rua, no crepitar de uma fogueira, encontrei-te perdida, o fogo, esse iluminava apenas os traços finos de anos que não tinham passado. Já lá iam seis, continuavas na mesma, fingiste não me ver, seria mais fácil assim, contudo pelo canto do olho senti que me observavas. A lenha essa ardia lentamente, indiferente ao vento e à chuva. Olhaste-me uma última vez, e sem uma palavra fechaste a porta, e a fogueira agora queimava, ardia em pensamentos distantes, em verdades benditas, em tempos que não eram meus, nem teus, que nunca poderiam ser nossos.
Do sono profundo acordei um ano depois, das árvores caía o fruto amadurecido por um sol tirano, do cinzento do céu não restava senão a recordação, e do teu olhar desprendido cresciam os beijos de um gelado estival. Do Inverno sobrava o vento, soprando uma nova melodia...rodopiava, corria sorria!

Encontrei-me então, solto, preso...perdido em ti!

2 comentários:

MissKitsch disse...

Aposto que a miuda anda maluca, huh?

lol

Ruca! disse...

hum... portanto, custou mas foi, é?