sábado, 9 de fevereiro de 2008

No fundo...no fundo...

Era uma vez uma casa branca nos locais onde o tijolo havia sido pintado. Sentia-se o esforço com que tinha sido construída, o cheiro a suor ainda pintava as paredes mal caiadas, era uma casa quente, o sol batia-lhe durante toda a manhã e parte da tarde, à noite era o som dos grilos que a envolvia, sem eles, o silêncio ganhava uma nova dimensão e tomaria tudo de assalto. Conduzia sem rumo naquela estrada e estranhei os contornos da casa que se aproximava. Ao fundo vislumbrei uma luz de vela cuja chama balançava ao sabor do vento, ele comandava-a e deixava-a viver em conjunto com o pavio. Sozinho e perdido saí de dentro do carro e procurei companhia. Algo cujo sabor não sentia há muito tempo. A chama guiava-me por entre um escuro que para além de quente se revelava confuso. Bati a uma porta ferrugenta e alguém se assumou à porta. Era um menino, não parecia ter mais de doze anos, abriu a porta sem fazer perguntas e correu de volta ao abrigo do lar. A confusão entrava-me pela cabeça e fazia-me pensar coisas que possivelmente não existiam. A chama continuava a lutar contra o vento e os meus olhos não conseguiam deixar de captar o seu movimento. Depois de a seguir com os olhos, caminhei até ela, olhei em volta, e ninguém pareceu reparar na minha presença, uma mulher ao lado da chama limpava os restos do jantar e o rapaz brincava com o seu fiel cão. Procurei entrar na família, imaginar o que faziam ali, como tinham ali chegado, porque tinham escolhido aquele lugar. A mulher havia sido bonita, o trabalho te-la-ia gasto, o trabalho ou o desgosto, as covas no lugar das bochechas, a ausencia de sorriso mostravam que algo de errado se passava.
O rapaz e o cão indiferentes e sem percepção de tudo o que se passava começaram então a olhar-me, apontava para mim com curiosidade e o cão ladrava, abanava o rabo como que esperando por um bocado de queijo ou de carne. A mulher continuava impassível no seu trabalho, varria mecanicamente o chão sem um olhar, um suspiro, uma palavra. O rapaz começou a aproximar-se, o seu cão num acto de ousadia seguiu-o com o rabo bem esticado. Sentou-se a meus pés e fez-me sinal para me sentar a seu lado, o chão seco, continuava quente, o cão lambia-me a mão, fazendo um gesto rápido o menino agarrou-me a outra mão, levantando-se apagou em seguida a luz que perturbava o escuro que em breve nos envolveu.
Contou o que se passava, quem era, porque estava ali. A mãe despreocupada fechou a porta, continuou como se nada se passasse como se ninguém ali estivesse. O menino esse tinha as faces vermelhas, as lágrimas começaram a correr-lhe pelo rosto. Limpou-as prontamente, tinha que ser crescido, no fundo tinha que ser ele a dar o exemplo, era o homem da casa. A sua infância havia-lhe sido roubada, faltava-lhe o calor dum pai, o amor duma mãe, o aconchego duma infância que nunca tinha chegado. Falei-lhe de como tinha sido o mundo para mim, de como me tinha sorrido, como me continuava a sorrir. Senti os seus olhos a fixarem-se em mim, a lua iluminava-lhe o rosto, perguntou-me se me podia chamar pai, perguntou-me se naquele momento ele poderia sentir-se meu filho. Sem pensar respondi que sim, e depois dum suspiro longo aninhou-me em mim e pediu-me para lhe contar a história que contaria aos meus filhos. Pensei por um momento, as emoções fervilhavam, não sabia o que fazer, estranhava tudo aquilo que pudesse dizer. Quando comecei a contar a história, ele já dormia, o seu cão observava-me tinha-se aninhado também a meus pés, parecia sedento das minhas palavras. Acabei a história...
Acordei, de volta no carro, tudo me parecia uma miragem, lá na beira da estrada não havia casa, não havia criança, não havia mãe. O mundo tinha-me pregado mais uma partida, não o voltarei a ver, espero não o voltar a ver...

6 comentários:

Telak disse...

Raios!
andar a sonhar ca paternidade....é duro!durissimo!

Ruca! disse...

pedófilo!

Alter Ego disse...

É isso tudo ruca, já me chamam o sidekick do carlos cruz ou mesmo desse grande embaixador jorge ritto...!ABOMINÁVEL!Tu q és de esquerda é q deves comer garotos ao pequeno almoço SEU PORCO...!

Ruca! disse...

gualter, meu pervertidozeco, não vale é sujar o boxer. seja com petizes ou com cães.
para húmidos já temos cá o outro zé, SEU NOJO!

Dezperado disse...

O Ruca "bebe" garotos ao pekeno almoço...
lool

Abraço Ze da prosa

Pablo disse...

epah este texto ta mto bom mas agora que ja falaram em pedofilia ja percebi donde veio a inspiração.

aquele abraço